Por Juliana Sousa da Silva /

Com direção, roteiro, produção, arte, som e edição assinados por Patricia Moreira, “Mulher Vestida de Sol” é um curta-metragem de animação 2D de 9 minutos e meio, cuja história nos é apresentada não somente por meio da narrativa animada, mas através de seus cânticos, sua ambientação e seus breves momentos de diálogos que atuam como rezas e poemas ao longo do enredo do filme. O curta nos leva a acompanhar as memórias e experiências da vida de Liah, atuando quase que como um reencontro dela para consigo mesma, em seu interior, de maneira experimental ao nos mostrar essa parte de sua consciência.
Gosto como o projeto trabalha uma narrativa descontinuada e lírica, como em um sonho, retratando essa busca interior da personagem. Ao longo de todo esse momento dentro do filme, que nos remete a esse aspecto onírico, há também uma demarcação nesse espaço de introspecção, como se a personagem estivesse em um limbo, trazendo por diversos momentos dentro de sua historicidade simbologias específicas como borboletas, ou uma árvore sendo representada como um útero – trabalhando por meio desse signo a ideia de gerar novas vidas.
Ainda dentro desse aspecto das simbologias, há momentos ao longo da narrativa em que outras mulheres fazem parte de sua história, mas a compreendi como parte do processo da autodescoberta da própria personagem, em diferentes espaços e momentos de suas experiências e vida. Deste modo, o curta nos convida a fazer uma grande reflexão sobre os complexos caminhos do ser e do existir, traçando paralelos entre as vivências dessas mulheres e a sua própria.
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