Crítica do Filme Amélia em Transe

Por Maísa Santos /

Amélia em transe (2021), dirigido por B.N.L e por Thaís Melo, é um filme de ficção em que o espectador acompanha o Making Off de um set de filmagens, e as relações caóticas entre as personagens envolvidas na trama. A narrativa é intercalada entre as cenas que mostram as dificuldades que a equipe enfrenta na gravação do plano final de um filme de ficção, que ocorre dentro do próprio filme, e entre as entrevistas cedidas ao Making off, com as personagens do Diretor, da Produtora, da Atriz, do Operador de câmera e do Estagiário. É um filme envolvente que narra de maneira divertida os conflitos nessa produção, e se utiliza da metalinguagem para a criação dessa atmosfera de “filme dentro de um filme” e ainda para revelar um impressionante plot Twist no final. 

O curta traz para as telas um teor de comédia para situações de backstage de uma produção audiovisual, de uma maneira bastante engraçada e cativante. Em seu início é apresentada a narrativa de que é um filme de ficção habitual, mas logo se revela ser o “ por trás das câmeras” de um set de filmagens, indicando para o telespectador a “narrativa em abismos” escolhida como recurso essencial para o filme. Amélia em transe nos remete muito à estética de Making off de filmes produzidos nos anos 2000, e entrega nostalgia e identificação para o público que está inserido no âmbito audiovisual, sejam as pessoas que trabalham na área, sejam as pessoas amantes de audiovisual e cinema. 

A direção do filme trabalha as relações entre as personagens, os diálogos, os conflitos e as piadas com um timing excelente entre as cenas de ações em que ocorrem esses conflitos, e as cenas de entrevistas das personagens desabafando sobre esses conflitos, entregando toda a atmosfera cômica que a direção se propôs a executar. E os setores criativos de arte, de som e de fotografia conversam muito bem entre si, e com as ideias que o diretor propõe para a narrativa, e desempenham os cenários, os figurinos, as planificações e o som de qualidade adequada ao projeto, de um modo notável. 

Amélia em transe encerra seu arco diegético de uma maneira surpreendente, quando a narrativa em abismos revela mais uma camada e o espectador pode contemplar que toda a história é, na verdade, ‘um filme dentro de um filme dentro de um filme’. O que primeiro parecia ser um filme de ficção, e que se revelara ser um set de cinema e gravação de Making off, é, na verdade, um outro filme de ficção sobre um Making off e uma gravação conflituosa de um filme. A virada de plot, realizada nos minutos finais do filme, ocorre de uma maneira excepcional e que leva a revelação a um bom desfrute do filme todo.


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