Por Luane Garcia Pimenta /

Um relato sobre a saudade, sobre a lembrança e o quanto o amor de uma avó pode perdurar dentro de nós, mesmo após a partida da mesma.
O documentário, dirigido pelo jovem baiano Luan Santos, toca em um ponto sensível para aqueles que conviveram com suas avós, que as amaram, com toda a profundidade que crianças podem amar, e que agora, no presente, arranjam maneiras de conviver com a falta que suas partidas fazem, não importando o tempo que já tenha se passado.
No relato, narrado pelo próprio cineasta, conhecemos o que ainda há dentro de si, sobre sua avó Lurdes. Inicialmente temos conhecimento sobre o porque que a senhora Lurdes não se encontra mais presente, e logo após, descobrimos por meio de seu neto, pedaços de quem essa senhora era, por meio de detalhes presentes em lembranças tanto mentais, quanto físicas, que se dão por meio das fotos que nos são apresentadas, enquanto Santos narra.
Em um determinado ponto, Santos revela sobre o gosto que sua avó tinha pelos momentos em que alguém tirava uma foto sua, e agora empenhando-se para para ser um cineasta, pergunta se avó apreciaria seus projetos audiovisuais, e isso, creio possa tocar em alguma medida, outros realizadores da mesma área, que também perderam alguém que gostariam muito que pudesse ainda estar presente para apreciar seus filmes. Quantos de nós, não produzimos filmes, para tentar de alguma forma falar com alguém que já partiu. Nem que seja para dizer adeus.
E é através das mesmas fotos, que se compreende que Santos não é o único membro de sua família que sente a ausência da matriarca, e então, temos conhecimento dos outros membros da família, que também partilham da mesma saudade.
Em relação aos aspectos técnicos, a edição, realizada pelo próprio diretor, é o mecanismo que proporciona a sensação de proximidade com quem assiste sua obra. A maneira como as fotografias são exibidas, aos pedaços, para logo após formarem um todo, contribuem para o sentido da narrativa que acompanhamos, por meio da narração em voz-off.
A união de tudo isso colabora para o surgimento de um interesse em continuar a conhecer mais, e mergulhar por mais tempo na história íntima de uma mulher, de uma mãe, irmã e avó que foi e ainda é amada e lembrada, tanto que está eternizada num filme, o que pode ser considerado um meio de dizer que aqueles que se vão, ainda permanecem dentro de nós, às vezes, como imagens em movimento.
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