Crítica do Filme Cida Tem Duas Sílabas

Por Laura Silva do Amaral /

O filme “Cida Tem Duas Sílabas”, da diretora e roteirista Giovanna Castellari, da FAAP em SP, traz para nós uma realidade comum entre mulheres de baixa renda, analfabetas e que sustentam seus lares. O filme mergulha na vida desafiadora de Cida, que cria sua neta e provê sustento para seu lar, que enfrenta também exploração no ambiente de trabalho, tratando de uma realidade vivida por várias mulheres no Brasil. O filme oferece uma narrativa envolvente que destaca as lutas enfrentadas por trabalhadoras em situações precárias. Cida, uma costureira analfabeta que, para sustentar sua casa, se vê presa em um contrato injusto que a explora. O enredo se desenrola quando ela inadvertidamente assina um acordo que a obriga a horas extras não remuneradas, comprometendo sua capacidade de cuidar de sua neta e, por extensão, de equilibrar suas responsabilidades familiares. 

O roteiro habilmente expõe as injustiças no local de trabalho, destacando as dificuldades que trabalhadoras como Cida enfrenta. Traz o fato de que muitas vezes essas mulheres que estão a frente na família acabam fazendo grandes esforços para prover uma casa e alimento para as pessoas que dependem dela. Muitas vezes a falta de estudo, como acontece com Cida, se torna o maior motivo para que os donos das empresas se aproveitem dessa mão de obra barata, mas o filme também nos traz o fato de que muitas vezes essas mulheres querem ter conhecimento, querem seus direito e querem no mínimo saber escrever seu nome. A trama, ao trazer o tema de exploração no trabalho e ao mesmo tempo uma resistência, oferece uma crítica social poderosa. 

“Cida Tem Duas Sílabas” é uma obra envolvente que toca profundamente questões sociais relevantes. A representação autêntica das lutas cotidianas de Cida e sua jornada para superar adversidades ressoam de maneira universal. A direção sensível e o cuidado que tiveram ajudam a transmitir a atmosfera tensa e muitas vezes opressiva do ambiente de trabalho de Cida. As cenas revelam os contrastes entre sua vida profissional e pessoal, proporcionando uma experiência visual impactante. 

A trama também destaca a importância do apoio comunitário na forma da professora da neta, quando ela acaba sendo de grande ajuda, tanto para que Cida continue seu trabalho e sua neta estudando, quanto o fato dela ser a pessoa que ajuda Cida a entender que está sendo explorada no trabalho, adicionando camadas de esperança à narrativa. É mais impactante quando percebemos que o apoio vem de de uma outra mulher e que, na sociedade, é preciso ter esse apoio entre as mulheres. 

O fim do filme é tão importante, mostrando a força que Cida tem em enfrentar o seu chefe mesmo perdendo o emprego, porém não sendo a realidade da maioria, que é representado pelas colegas de trabalho dela. Na realidade, muitas vezes elas precisam continuar caladas e sendo exploradas pelo fato de precisarem do dinheiro, mesmo que seja um quantia inferior do que deveriam receber. 

Em conclusão, “Cida Tem Duas Sílabas” não apenas conta uma história cativante, mas também lança luz sobre questões sociais importantes. Sua abordagem equilibrada entre a crítica social e a narrativa pessoal contribui para um filme impactante e memorável. Recomendo vivamente para aqueles que apreciam filmes que provocam reflexão e oferecem uma visão mais profunda das complexidades da vida moderna.


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