Crítica do Filme Midríase

Por Sara Ribeiro Lima /

A primeira pergunta que se faz ao assistir ao experimental “Midríase”, de Eduardo Monteiro (UNESPAR), na realidade, é: o que significa midríase? A resposta é simples, segundo o Google, midríase é a dilatação da pupila, podendo ter causas fisiológicas, patológicas ou terapêuticas. O filme nos remete, em diversos momentos, a isso. Fica evidente depois de se descobrir a resposta. Inclusive, temos imagens da clássica casinha que, aqueles que fazem exame de vista de tempos em tempos, conhecem bem. 

Mas o filme desperta mais do que uma memória sobre exames de vista. Toda a construção quase passa uma ideia de narrativa, nos levando a uma sensação de aprofundamento conforme as imagens se desenrolam. Iniciamos com uma maçã, que se torna uma caixinha em formato de coração que se torna o personagem principal. Acompanhamos mais algumas imagens dotadas de uma direção de arte e fotografia belíssimas, que, através da cores, iluminação e temáticas, remetem a pinturas metafísicas; transitam entre uma explosão de cores em um cenário surrealista a uma escuridão em volta de tudo. 

É possível sentir a evolução dos fatos, apesar de não termos uma narrativa delineada; o filme finaliza com a mesma caixa em formato de coração sendo resgatado. Destaque, aqui, para a montagem; temos um ser humano sendo “plantado” e flores pegando fogo. Temos velas sendo sopradas e uma vela em formato de cama, derretendo. Há um fio que amarra os fatos. É, certamente, artisticamente bonito de se ver e nos captura numa tentativa de entender qual a mensagem, se é que há uma mensagem, ou qual a linha condutora do filme. 

Talvez, como o maior destaque do filme são as imagens, haja um excesso. Com certeza não é pesaroso encarar cenas bonitas durante um tempo, mas mais de sete minutos de momentos às vezes repetitivos talvez pudessem ser reduzidos, a fim de melhorar a experiência toda. Afinal, apesar das cores e cenas bonitas, não há uma grande exploração de ângulos, transições, tampouco um apelo sonoro muito significativo. A trilha sonora, acompanhada de poucos efeitos, apesar de, de certa forma, adequada, não prende e não ganha grande atenção. 

Apesar disso, Midríase provavelmente alcança o que se propõe a fazer: imergir o espectador em seus “quadros”. Suas imagens são com pinturas e suas pinturas contam uma história; uma história que não é clara, deixa margens para diversas interpretações mas, qual pintura não tem essas mesmas características? Certamente a experimentação na fotografia e na arte podem ser aproveitadas, adaptadas e incrementadas de outros cuidados em projetos futuros.


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