Por Kevin Castro /

O curta-metragem “Com carinho” foi escrito e dirigido por Pablo Félix, residente no município Guapimirim no Rio de Janeiro, o filme é uma memória de infância contada pela protagonista. Em seu aniversário sua avó vem visitá-la, em virtude delas comemorarem no mesmo dia e ela ajuda com seu trabalho de escola. Nesse sentido, a obra em si tenta fazer um recorte de uma memória de infância do imaginário coletivo, trazendo essa relação familiar entre filhos e avós. Em sua direção, busca articular o desfoco como elemento essencial que ajuda na composição visual do filme, conduzindo um aspecto onírico nessas lembranças. Um ótimo exemplo disso é na cena inicial em que vemos a garota mais velha em sua mesa olhando seu caderno que está focado e esse foco é mudado quando ela escreve em seu teclado o que viu em seu caderno.
Quando a gente se lembra de algo de nossa infância, nem sempre essa memória está nítida ou nunca conseguimos lembrar exatamente de todos os fatos que ocorreram em nossa vida. Dessa maneira, ao decorrer do curta, o diretor se utiliza do desfoco para criar esse aspecto de lembrança por parte da protagonista. Nem sempre o mundo ao redor está completamente nítido e de fácil visualização, isto é, como na cena em que ela vai na loja de roupas com sua avó e a janela da loja está desfocada ao fundo, remetendo que o mais importante é essa relação entre as duas personagens, além de reforçar ainda mais esse aspecto de memória para o público. Entretanto, essa conexão é muito bem executada por meio de uma blocagem que ocorre ao longo do curta, carregando esse aspecto de memoria, só que em alguns momentos é mais um artifício que é utilizado para resolver coisas fora de tela, como o problema da garota na escola que em nem um momento realmente é mostrado e só comentado. Outro fator que contribuiu para a direção é se utilizar do formato 4:3 por conta de ser o formato antigo dos filmes e isso reforça ainda mais esse aspecto de recordação, porém seria interessante se ele somente fosse usado quando essa lembrança surge e não em todo o curta-metragem.
O filme é uma prova de como o cinema universitário pode ir bem longe, contando histórias que são simples, porém comoventes e cativantes para o público em geral. Desse modo, os espectadores devem esperar um filme tocante e empático sobre a memória de infância e a relação de uma garota com a sua avó e como ela mudou sua vida, em que o diretor articula uma unidade estilística muito clara. Assim sendo, eu espero que o diretor possa contar mais histórias emocionantes que toquem o público, levando esse aspecto familiar para os espectadores no geral e que mais pessoas possam se comover ao assistir ao filme como eu me comovi.
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