Por Izabela Chaves /

O curta-metragem universitário “Franco”, dirigido e roteirizado por Sarah Vivas e Mariano Jiménez, representando a UNILA – Universidade Federal de Integração Latino – Americana, destaca a fragilidade da mente humana ao explorar o inconsciente, o delírio, incorporando elementos do surrealismo, promovendo revelações de sentidos e conectando livremente ideias.
O inconsciente da mente humana sempre foi uma temática explorada por diversos cineastas, e no início do curta “Franco”, essa exploração se inicia com retratos de pinturas e espaços vazios na parede. Franco, enquanto toma chá com uma jovem, é interrompido pelo telefone, momento em que a narrativa toma um rumo intrigante. Ao invés de seguir o olhar na mesma direção da jovem que saiu de cena, Franco volta-se para o lado oposto que marca o início de uma virada inicial.
A história ganha complexidade quando Franco, ao ouvir a chamada da jovem, se levanta e entra em um corredor com várias portas. Cada entrada revela um momento diferente, indicado pela mudança na roupa de Franco. No entanto, a narrativa não deixa claro se esses momentos pertencem ao passado ou ao presente, mantendo uma aura de incerteza.
A transição entre realidade e delírio se intensifica quando a voz da jovem agora vem através do rádio. Franco, seguindo na direção dela, encontra situações surreais, como uma porta que se transforma em um cavalete com uma tela de pintura em branco. Essas metamorfoses sugerem que a realidade está constantemente se transformando, levantando questionamentos sobre o que é real, o que é memória, lembrança ou sonho ao espectador.
A direção de arte desempenha um papel significativo, especialmente com objetos de arte que fornecem pistas cruciais como, por exemplo, referências a obras surrealistas. De igual modo, o relógio derretido pendurado na parede, lembrando a obra de Salvador Dalí, contribuindo para a ambientação da história. Na sequência, o objeto na parede que Franco faz, aparentemente, um teste de interpretação, adicionando camadas de significado à narrativa.
A trilha sonora, as projeções nas paredes e vozes em off, combinadas com pistas visuais, criam uma atmosfera envolvente. A revelação profunda e criativa de que Franco está lidando com o impacto de uma doença acrescenta um elemento emocional à trama. O roteiro é habilmente construído, proporcionando uma experiência que oscila entre a leveza e a reflexão sobre uma temática importante. Em última análise, “Franco” nos conduz a uma jornada pelo inconsciente do personagem, oferecendo uma experiência sensível e emocionante que abrilhanta o fazer cinematográfico universitário.
Deixe um comentário