Crítica do Filme Na Minha Época

Por Reverton Rocha Pantoja /

Na minha época, animação universitária de Brisa Azevedo, acerta no que se propõe a ser, como um curta 2d simples, com um enredo despretensioso e uma animação entendível. Fãs de animação independentes brasileiras não devem deixar de conferir essa realização, sobretudo, os frequentadores de eventos de cinema, pois a experiência de 12 minutos tem potencial em agradar, se lhe der uma chance. Eu acredito que ela se encontra no ambiente ideal onde pode encontrar janela de exibição e público que é dentro de festivais, pois a estética pré-escolar, somada ao enredo infanto-juvenil direciona esse produto a um publico majoritariamente infantil. Entretanto, com a alta acessibilidade presente com produções desse nicho na internet ou na TV, o curta pode encontrar um grau de rejeição entre os mais jovens (e mais velhos também) considerando que a produção não aparenta ter um certo domínio do desenho, o que fica explicito no design dos personagens que os torna pouco atrativos visualmente, o que é vital para a empatia e “apelo” ao público, em especial crianças. Como um adulto apreciador das animações alternativas, como as exibidas em encontros audiovisuais, consigo ter o grau de simpatia pelo trabalho e também por respeitar as adversidades que um trabalho produzido por 3 pessoas teria, e isso reflete solenemente os desafios de se trabalhar dentro do cenário estudantil, ocupação que já é desafiadora mesmo para produções audiovisuais live action, que em muitas vezes conta com amizade e boa vontade de colegas. Aqui podemos ver o padrão onde um único individuo exerce diversas funções. 

A história acompanha Miguel, que depois de ser repreendido pela mãe por se atrasar para escola, acontecimento ocasionado pelo apego do garoto a um jogo eletrônico, escuta de sua avó os relatos sobre os tempos estudantis da matriarca, que aparentemente vivia a juventude ali mesmo pela região. O enredo não se segura tanto na discrepância entre as épocas de avó e neto, e sim na curiosidade do protagonista e a forma que vai conhecendo e aprendendo sobre  a distante realidade das décadas anteriores da cidade, como a existência antiga  de uma ponte no caminho para a escola ou uma estação de trem atualmente inutilizado. 

Embora os personagens não sejam visualmente “simpáticos” principalmente à primeira vista, a progressão da história ocasiona uma maior aceitação dessas feições e dos cenários, o que eu colocaria como um ponto alto do filme. Assim como o design, o movimento dos personagens (especialmente do rosto) pode causar um certo estranhamento inicial, mas vão se tornando mais toleráveis a ponto de desaparecer de nossa percepção. Identifico uma certa influência da animação britânica Charlie e Lola, do Discovery kids.

Dito isto, Na minha época é um exercício curioso, que vale o tempo do espectador.


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