Crítica do Furta Ceifar Cansa

Por Thiago Henrique Ferreira /

“Ceifar Cansa”, curta-metragem de Bruno L. Gaudencio, conta a história de Helena, uma psicóloga que, ao chegar em casa depois de um dia de trabalho, encontra seu pai sendo levado pela Morte. Para convencer a entidade a desistir de efetivar o destino de seu pai, Carlos, Helena convida a Morte para uma sessão de terapia. 

O curta mergulha de forma inusitada em temas filosóficos, como o sentido da vida, o medo da morte, Deus, entre outros, do mesmo modo que aborda problemas contemporâneos como a depressão, conduzindo os espectadores por uma reflexão descontraída. 

A escolha do cenário não convencional, ao colocar a morte em um contexto terapêutico, demonstra uma forma hábil de abordar temas densos de maneira inovadora. O roteiro, também de Bruno L. Gaudencio, é repleto de diálogos simples e de fácil entendimento, mas que carregam questionamentos existenciais, convidando o espectador a refletir sobre a complexidade da vida humana, especialmente quando confrontada com a inevitabilidade da morte. 

A iluminação desempenha um papel fundamental na criação da atmosfera do curta, oscilando com um vermelho forte conforme a intensidade emocional da Morte. Os enquadramentos, por sua vez, em certos momentos isolando os personagens por meio de planos e contraplanos, em outros momentos os aproximando em um plano único, deixam explícito na tela quando os mesmos estão próximos ou distantes emocionalmente. 

A direção de arte, embora minimalista, contribui para a ambientação única do filme, destacando-se pela simplicidade que adiciona profundidade ao enredo, caracterizando a personagem Morte de forma convencional (com seu manto e capuz negros e uma foice), para depois, coloca-la com um sapato confortável, caracterizando um personagem que, mesmo usando seu “uniforme de trabalho” padrão, está fazendo isso há tanto tempo que usa um calçado mais confortável por baixo de suas vestes para continuar seu trabalho infindável. 

A trilha sonora, embora discreta, com um tic-tac de relógio pontual, para lembrar aos espectadores e aos personagens que o tempo passa e a morte se aproxima, desempenha um papel significativo na condução das emoções, reforçando os momentos de reflexão e afeto. A edição, dinâmica, contribui para o ritmo envolvente da narrativa, mantendo o interesse do espectador até o fim. 

“Ceifar Cansa” não se limita a explorar as sombras de temas sérios e filosóficos, mas, de maneira única, tece uma mensagem positiva sobre a vida no desenrolar da trama. A conclusão do curta oferece uma perspectiva inspiradora, sugerindo que, apesar das lutas internas, a vida vale a pena ser vivida.


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