Por Klewerson Lima da Silva /

“Nosso pé de manga”, curta-metragem dirigido por João Oliveira, escrito por Caio Israel, tem um arco narrativo que perpassa por algumas questões sociais como a gravidez na adolescência, a perda familiar, lembranças e simbolismos, que se compõem de forma harmoniosa na construção do roteiro.
O cenário utilizado é uma paisagem que nos remete a maioria dos interiores do Brasil. A linguagem nos localiza na região nordeste e a casa na perspectiva arquitetônica da década de cinquenta, com ladrilho e lajotas, terreno grandes que dificilmente vemos nas grandes cidades. É lá que está o pé de manga, no qual a história se entrelaça.
A história parte do pé de manga estar morrendo e, com esse fato, morre também a ultima lembrança do marido/pai: um pouco da memória da formação familiar morrerá juntamente com a o pé de manga. Esse ponto de partida nos direciona a cenas protagonizadas por “dona Arlete”. O filme é construído em um conflito familiar, com diálogos entre mãe, filha e neta, que expressam os sentimentos de culpa, de perda e saudade, marcados especialmente nas falas rotineiras da mãe.
A trilha sonora no final, com o uso de uma voz-over poeticamente declamada pelo marido, opera o fechamento das questões postas pelo curta-metragem. Em um bilhete achado na bíblia, a personagem da mãe obtém a resposta que lhe faltava para aceitar a falta e a realidade vivida pela filha. Na cena final, no retorno da igreja, dona Arlete caminha pela rua em direção a sua casa, com o olhar tenso e aliviado, em prantos. Ela entende que o acaso não tem culpado. São as lembranças e emoções de dona Arlete que encerram o filme, simbolizados pela carta e pelo pé de manga.
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