Por Geraldo Tavares /

O curta-metragem “Nó Cego” mostra a noite de aniversário de Davi nos preparativos para sua festa. Ele está em uma discussão no telefone, quando um menino toca sua campainha, o menino está com os cadarços amarrados com um nó. Ele entra na casa e, assim, o curta começa a tratar seu principal tema: a aceitação de pessoas LGBTQIA+ pela família. O uso de metáforas e alegorias são excepcionais no roteiro do curta-metragem, a ideia de tratar o dilema do personagem como um nó, que pode ou não ser desmanchado, pois a obra gira em torno dessa relação do cadarço com o nó e dos dilemas que Davi precisa resolver aquela noite. A ideia da fantasia que os personagens citam também é interessante à análise de que pessoas LGBTQIA+ não conseguem mostrar quem realmente são. O medo de não serem aceitas é muito bem trabalhado dentro diálogo, que apesar de toda a leveza, ainda assim tem um impacto que leva o espectador a uma reflexão sobre o assunto ou até uma identificação com o conflito do personagem.
O plot twist era algo meio que já esperado, a descoberta de que o menino é seu “eu” do passado que vem para fazer ele se questionar sobre como a vida dele está no presente. Mas, ainda assim, tem seu mérito, muito por conta da escolha da transição que é usada de uma cena para a outra.
É interessante destacar também a fotografia do filme, na qual o uso de planos mais fechados busca trazer uma ideia de intimidade na relação e diálogos dos personagens. No final do curta, descobrimos a relação real dos personagens, então é muito boa essa construção que a fotografia traz ao curta.
A direção de arte também tem seu destaque no curta, principalmente quando nos mostra detalhes que não são falados do personagem, e principalmente na revelação do plot twist, a construção do quarto, que apesar de trazer uma construção mais minimalista, eleva emoção que o plot twist merecia.
Nó Cego é um curta metragem que me surpreendeu bastante, e destaco o quão boa foi a experiência de assistir à obra, pois ela traz camadas muito interessantes que com certeza irá levar o espectador a reflexões sobre os assuntos que a obra trata.
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