Crítica do Filme O Sonho Continua

Por Isabela Gomes /

O curta documental O Sonho Continua, dirigido por Paulo José, rodado em Vitória da Conquista, conta de forma concisa a história de Edmundo Lacerda Campos, um homem de 70 anos que remonta sua infância humilde no interior de uma pequena cidade de fronteira e sua mudança para Vitória da Conquista. Assim, narra o início de seu sonho com o mundo do cinema, relatando sobre suas invenções, juventude inventando histórias, e aspiração com a 7° arte. Até o momento da realização de ver sua média-metragem O Sonho de Zezinho saindo do campo das ideias, e posteriormente, sua entrada no curso de Cinema na UESB. 

Este breve documentário trata não somente sobre a questão da realização de sonhos e da resiliência para conquistá-los, bem como mostra também acerca de  quando os sonhos parecem nos  “rodear”, ou seja, estão sempre ali com os seus sonhadores.  Levantando a questão de que devemos viver nossos sonhos independente do tempo que isso irá levar e as adversidades que a vida nos coloca. Portanto, diante de tantos obstáculos decorrentes da vida, por fim vemos que são justamente eles os “instrumentos” que irão nos fazer alcançar nossos objetivos e continuar sonhando. 

O filme sabe misturar relato e dramatização, utilizando até mesmo  algumas cenas do filme  do próprio Edmundo Lacerda, destacando de maneira sucinta todas as partes de maior importância durante as fases de vida do entrevistado para o público. Por seu formato simples e intimista, o documentário não demonstra contradições ou furos de roteiro, pois segue o formato de entrevista, no qual Edmundo Lacerda fala como se fosse uma simples conversa, detalhando sua vida pessoal, até mesmo levando exemplos de como utilizava objetos simples para recriar e imaginar sua vida como em um filme. Ao final, também vemos adicionadas informações acerca da caminhada de Edmundo até recentemente, evidenciando que os sonhos não acabam quando eles se realizam. 

Embora apresente relatos e dramatizações (cenas de A Vida de Zezinho) para ressaltar a caminhada pessoal de Edmundo Lacerda, a maior parte do documentário acaba sendo apenas o relato do entrevistado, o que pode ser um pouco cansativo para alguns espectadores, porém nada que exacerbado. E no final, apesar de poder ter sido uma escolha mais realista do realizador, o áudio “estourado” da gravação da entrega do prêmio, pode acabar destoando um pouco do restante do curta. 

O Sonho Continua é um bom exemplo do formato documentário observatório e biográfico, pois além de chamar a atenção para os fatos sem interferências de terceiros, também nos permite ver um pouco da infância do entrevistado através de seu próprio trabalho. Diante à câmera, o entrevistado Edmundo Lacerda tem um espaço livre para que narre trechos de sua vida sob seu olhar, demonstrando partes de suas vivências, como a de sua câmera improvisada para brincar na infância. 

Por fim, o público pode sair com o sentimento de motivação e esperança de que os sonhos podem sim serem realizados, não importando idade ou o tempo que poderá levar. Assim como muitas vezes são os nossos sonhos que nos perseguem, e devemos ouvi-los e dar a chance de vivê-los sem medo e preconceitos.


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