Crítica do Filme Material Inflamável

Por Ícaro Santos /

 curta-metragem documental Material Inflamável parte da premissa de explicar como a falta de fomento no que tange a preservação pode fazer com que o acervo audiovisual do país seja facilmente perdido e até mesmo cair no esquecimento. Em doze minutos, os diretores intercalam  imagens de arquivos de famosos filmes nacionais, reportagens sobre o incêndio de 2021 na Cinemateca Brasileira e entrevistas com personalidades do audiovisual. 

No filme, que parece muito mais uma reportagem para televisão, temos a dimensão da falta de fomento e cuidado por parte do governo com nosso rico e diverso audiovisual. Os cineastas buscam explicar logo no início o porquê do nome do filme e o curioso é que quando se pesquisa esse nome na internet é comum aparecerem notícias sobre o trágico incêndio em um dos galpões da instituição. É sempre bom lembrar que este é o quinto episódio em que o fogo queima a história videográfica do país dentro da cinemateca. 

O filme, por vezes, fala sobre como o cinema e o audiovisual guardados nos prédios da cinemateca são quase sempre vistos e amados por uma pequena parcela da população, e não é como se o restante das pessoas não se importasse de fato, mas o acesso de muitos é quase sempre limitado devido à diferenças sociais e até mesmo políticas. Hoje nós temos poucas salas de cinema que estão dispostas a exibirem filmes brasileiros de fato, ou seja, grande parte da população nem entende a função de uma instituição como essa, porque essa instituição parece não ter sido feita para todas as pessoas. Esse ponto é muito tocado na fala de Gabriel Martins, diretor do filme Noites Alienígenas. 

A montagem do filme é um pouco cortada demais e por vezes confusa e o áudio das entrevistas parece pouco trabalhado. A direção é extremamente jornalística, muito provavelmente fruto da formação de ambos os diretores. É um filme que passa rápido, mas que pode muito bem ser escutado no formato de podcast, já que as imagens, usadas aqui numa função de preenchimento, não se fazem tão necessárias quando comparadas aos áudios presentes nos doze minutos corridos. 

O ponto chave do projeto é a informação e ao se propor isso, os realizadores cumprem com a função social de informar e questionar fatos necessários e atuais acerca do passado, presente e futuro do cinema e do audiovisual no Brasil.


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