Crítica do filme Apenas Uma Sacola de Plástico

Por Maiteh Gil /

O curta-metragem de animação Apenas Uma Sacola de Plástico, dirigido e produzido por Luan Oliveira, aluno da Universidade Federal do Ceará (UFC), conta a história de um rapaz que se compara a uma sacola, refletindo sobre pensamentos pessimistas e o desejo de uma vida mais simples, como a de um objeto descartável. A obra é composta por desenhos e pinturas feitas manualmente, com uma estética simples, porém colorida e impactante.

De início, é importante destacar que o filme aborda principalmente questões relacionadas à saúde mental, expondo de forma sensível e real a depressão – uma doença incurável que afeta milhões de pessoas no Brasil. A obra convida à reflexão sobre a própria existência, ao mesmo tempo em que faz uma crítica à poluição ambiental, uma vez que a sacola de plástico leva milhares de anos para se decompor. Ambos os temas são explorados de forma coesa, sem que um sobreponha o outro.

Apenas Uma Sacola de Plástico é um curta-metragem sincero que representa a depressão com sensibilidade e criatividade. Tanto os pensamentos de insuficiência quanto os questionamentos existenciais do narrador ativo se encaixam perfeitamente na estrutura do filme. O uso de recursos visuais complementa a narração de maneira eficaz, enquanto a analogia com a sacola de plástico confere um significado profundo a um objeto simples e inanimado.

Por exemplo, na cena em que o protagonista observa pela primeira vez a sacola de plástico, ele deseja ser como ela, pois este objeto não sente dor, medo ou lembranças negativas. À medida que ele narra, a sacola é levada pelo vento e, ao cair no chão, simboliza a dor profunda da depressão, que leva à vontade de não sentir mais nada, como uma sacola sem sentimentos.

Tal convicção leva o narrador a refletir que, se fosse uma sacola de plástico, não poderia mais se conectar com as pessoas que ama. Esse pensamento, vinculado à depressão, revela o sentimento de inutilidade e a sensação de ser irrelevante para a família e amigos.

A mixagem de som contribui para a imersão na cidade de Fortaleza, com uma trilha sonora calma e reconfortante que, embora presente no final, teria sido interessante se tivesse acompanhado o filme durante toda a obra.

O design dos personagens humanos se diverge repentinamente, se modificando de maneira abrupta em uma das cenas. Ao longo do filme, as pessoas são representadas de forma simplificada, com traços semelhantes – cabelo, olhos, roupas e nariz. No entanto, na cena em que duas personagens estão na praia, observadas pela sacola, os traços delas se tornam mais simplificados, embora essas personagens estejam em destaque nos planos da cena. 

Em suma, Apenas Uma Sacola de Plástico tem o potencial de inspirar universitários do meio cinematográfico de todo o Brasil a explorar novas formas de animação, incentivando-os a encontrar maneiras criativas de representar suas histórias. O curta é uma reflexão sobre os momentos de crise existencial e a sensação de insuficiência, mas também traz uma mensagem de esperança e renovação. Com um desfecho reconfortante, a obra reafirma a importância da saúde mental e o surgimento de tempos melhores.


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