Por Paulo Oliveira /

O curta-metragem Aurora Frugum apresenta um retrato de duas gerações, explorando a diferença entre uma vida baseada na simplicidade e a conexão com a natureza e outra marcada pelo consumo exagerado de produtos artificiais e a desconexão do mundo natural.
A narrativa se concentra em dois homens: o agricultor mais velho, um homem que vive de forma simples e saudável, cultivando sua própria comida, produzindo para distribuição, e mantendo uma vida em harmonia com a terra, e um jovem imerso no ritmo acelerado da modernidade, consumindo alimentos ultraprocessados que impactam negativamente sua saúde.
Quase ao final, em uma atmosfera de suspense, o personagem mais jovem após encontrar apenas frutas em conserva no supermercado, descobre, atrás de uma porta, uma área secreta onde tem acesso ao que parecem ser caixas de “experiências” com alimentos. No seguinte momento, o jovem e o velho contracenam pela primeira vez, revelando parentesco de neto e avô. Mais tarde do mesmo dia vemos a visita de uma pessoa misteriosa, que o jovem reconhece da área restrita do supermercado mostrado anteriormente. Ao final temos citações na tela “Aromatizante, corante e conservante”. Que diz respeito a crítica principal do curta sobre alimentação carregada de artificiais cancerígenos.
A produção cinematográfica do curta explora essa dualidade utilizando cenários e elementos visuais para refletir a diferença de estilos de vida. Enquanto o agricultor é mostrado em um ambiente rústico e acolhedor, rodeado pela terra e suas colheitas, o jovem vive em um espaço urbano impessoal, consumindo rapidamente produtos de embalagens chamativas e de aparência artificial. As escolhas de estilo e fotografia são cuidadosas, com a luz natural predominando nas cenas do agricultor, contrastando com a iluminação fria e artificial nas cenas do jovem.
O agricultor, com seu estilo de vida tranquilo, serve como uma figura de sabedoria, enquanto o jovem se afasta das tradições vividas pelo primeiro. Em sua simplicidade e na relação quase silenciosa entre os personagens, podemos perceber uma amostra dos caminhos divergentes que a humanidade pode seguir, entre o respeito pelas tradições e pela saúde natural ou a alienação causada pelo consumismo moderno.
A obra, embora breve, provoca uma reflexão profunda sobre os hábitos alimentares contemporâneos, o impacto na saúde e as mudanças geracionais.
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