Crítica do filme Eric e Hemily

Por Lucas Figueiredo /

Eric é um jovem com gostos bem particulares: gosta de flores amarelas, carteiras decoradas, cadarços coloridos, livros de arquitetura, óculos de grau, cubo mágico e Roberto Carlos. Hemilly também tem seus próprios gostos: coleciona parafusos, gosta de tirar fotos de pombos e usa sandália com meias. Através de recortes da individualidade dos dois, acompanhamos um relacionamento romântico se desenvolver. Essa é a sinopse de “Eric e Hemilly”, de Ricardo Adham, um filme realizado pela Faculdade de Cinema e Audiovisual de Juiz de Fora, e que apresenta uma visão bem interessante sobre o romance e as desilusões amorosas nessa fase da vida.

A princípio, o filme nos apresenta os dois personagens de forma separada. Primeiro conhecemos Eric e seus gostos e costumes, que são totalmente diferentes dos gostos de Hemilly. Os dois se esbarram de maneira bem inusitada em uma loja de discos, e logo uma conexão é feita. A maneira como as peculiaridades de cada personagem é apresentada é muito interessante, pois é tudo contado de maneira metódica e didática: os hobbies de Eric e a rotina de Hemilly, por exemplo, são narrados como se estivéssemos lendo um bloco de notas, seguindo as regras sem brechas para algo inovador ou diferente, e é nesse ponto que o filme começa sua principal abordagem.

Como dois personagens diferentes podem se conectar? Hemilly parece ser bem mais desenvolta socialmente que Eric, que aparenta ser bem mais tímido. Hemilly é quem puxa conversa com Eric, enquanto ele está apenas divagando, com respostas curtas. E mesmo os dois sendo bem diferentes, eles ainda tentam algo que é totalmente novo para ambos.

A fotografia e a direção de arte são pontos muito positivos, pois conseguem criar uma atmosfera fantástica somada à narração. A câmera, quase sempre estática, apresenta os personagens e suas particularidades como em um mundo criado por Wes Anderson, tudo quase que milimetricamente posicionado e encaixado da maneira certa para compor o quadro. A arte acerta também levando em consideração esses mesmos aspectos, os objetos que representam cada personagem são muito pessoais e característico deles, e diferenciam muito bem os dois. 

Como um diretor jovem e universitário, Ricardo Adham deixa bem evidente onde buscou suas inspirações para fazer a obra, e consegue criar uma história sobre primeiro amor, e uma possível desilusão amorosa resultante desse encontro, bem eficiente e singela, sem grandes artifícios ou reviravoltas. O fato de Eric e Hemilly irem embora, com olhares rápidos e tristes, como uma despedida, evidencia essa temática e abordagem. O diretor aposta no simples, sem deixar de ser comunicativo, em uma fotografia sem movimentos e uma arte que cria universos particulares para cada personagem.


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