Crítica do filme Suposto Fim

Por Marcelo Evangelista Barros /

“Suposto fim” é um curta-metragem dirigido por Gustavo Kolan, da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), que conta a história de Bete, uma garota que sonha em ser escritora. Com a frustração de não conseguir se manter com a carreira, ela acaba trabalhando em um escritório, o que desencadeia nela o vício em álcool, fazendo a personagem se afundar mais ainda nas próprias frustrações. É um drama com uma escala crescente de como a personagem principal vai se afundando no vício por não conseguir o que quer; ela vê no álcool uma válvula de escape, o que aos poucos vai destruindo sua vida pessoal e profissional, fazendo ela perder tudo ao seu redor e se perder até dela mesma.

O curta é muito bem estruturado e possui diálogos muito bem escritos, até mesmo quando precisam ser expositivos, quando vemos a personagem começando a ficar diferente por causa do vício. As passagens dela bebendo e passando mal e voltando a beber novamente não se tornam cansativas com as repetições. Porém, com uma montagem que parece um videoclipe, o tom mais sombrio que o curta constrói na sua primeira parte se perde. Com um silêncio e até mesmo um desconforto da protagonista, o uso desse “momento videoclipe” para mostrar uma passagem de tempo abrupta e pouca trabalhada, tira toda o clima de tensão, já deixando a personagem totalmente diferente em segundos, e o que vemos a seguir é como ela vai perdendo tudo que foi estabelecido na primeira parte. As únicas cena de dramas mais isolados que somam de forma mais significativa para a história são as interações com o namorado e principalmente o embate, em cenas mais longas, onde vamos descobrindo mais sobre a Bete. Já as cenas com o barman parecem meio jogadas, como se ela precisasse ter alguma relação com ele para conseguir álcool, sendo que a personagem poderia ir para outros bares também, o que parece uma relação forçada e que se não tivesse no corte final, não faria diferença alguma para a história

No geral, é um filme com uma temática muito interessante que possui um primeiro ato muito bom, mas que se perde às vezes na própria trama, com personagens que não adicionam muito à história ocupando espaço, e que poderiam ser cenas substituídas para mostrar a protagonista ficando cada vez mais decadente ao decorrer da história. É um filme com uma produção muito boa, que possui um trabalho de arte, som, e fotografia muito admiráveis, já as atuações deixam a desejar em diversas passagens, entregando mais verdade nas cenas finais de embates. E também é um filme bem dirigido, em que é notável o conhecimento por diferentes técnicas que transitam por gêneros diferentes em passagens isoladas, indo de uma atmosfera que parece ser de um filme de terror nas cenas iniciais, e entregando um drama no seu decorrer, que poderia ser mais pesado, tendo em vista sua temática.


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