Crítica do filme Penumbra

Por Tais Gouveia

No filme Penumbra, roteirizado e dirigido por Jonathan Aguiar, da UJST, vemos o encontro vindo do além-túmulo de Enzo e sua avó Marcélia enquanto estes estão iluminados por velas na cozinha por conta de uma falta de energia na casa. Enquanto estão os dois na penumbra, eles têm uma conversa repleta de ternura, julgamentos e, por fim, aceitação.

Durante o apagão em que o pequeno Enzo acorda sozinho, pois sua mãe Regiane saiu para trabalhar a noite, ele recebe a visita de sua avó. Os dois matam a saudade na cozinha e também discutem sobre questões terrenas (como se a tapioca que a vó preparou está boa, como está a criação do menino e se ele vai proteger a mãe) e celestiais (os dois indagam quem vai para o céu).

O maior conflito do filme reside na discussão em que o personagem da avó Marcélia se indigna em como a criança estaria brincando com brinquedos e adereços ditos para meninas, e ainda os guardando em uma caixa outrora sua, simbolicamente substituindo velhas crenças por novas. Após a avó enfaticamente dizer que o menino não iria para o céu e tampouco sua mãe, ela afirma que já está no céu. Logo após, os dois se abraçam e vão dormir, a avó cantando uma música cristã para a criança pegar no sono.

É evidente, pelo cuidado e atenção aos detalhes que a direção de fotografia e de arte tiveram, que a “penumbra” a qual o título se refere é uma espécie de estado transitório, como a própria definição da palavra: ponto de transição da luz para a sombra. Acompanhamos o personagem de Enzo sair da escuridão para ter uma conversa em luz de velas com a avó, depois voltando a escuridão juntos e depois acordando na luz natural do dia nos braços de sua mãe, onde o menino indaga se a sua avó voltaria, porém sua mãe não lhe dá resposta positiva.

O encontro na penumbra entre os personagens serviu ao propósito de fazer os personagens seguirem em frente, cada qual a sua maneira. A avó vai embora após fazer seu cântico cristão para embalar o seu neto, firme em suas crenças no paraíso onde afirmou outrora em que já estava. O menino e a mãe ambos aceitando sua partida que provavelmente não teria volta, ambos vão continuar vivendo o que a avó desaprovava, o que, no fim das contas, está tudo bem.

Penumbra é um filme sobre um momento de transição, da luz baixa para a escuridão e depois para a luz, da incompreensão para a aceitação, embora não haja um entendimento total entre seus personagens. Eles aceitam a si e aos outros, a vida e o além-vida como este é.


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